
O que são emissões, classes e séries em operações estruturadas?
calendar_month 24/02/2025
Os títulos de dívida são instrumentos financeiros para empresas e governos que buscam captar recursos para financiar suas atividades, projetos ou expansões.
Ao emitir um título de dívida, o emissor assume o compromisso de devolver o valor recebido acrescido de uma remuneração acordada, geralmente sob a forma de juros, em uma data futura.
Para investidores, esses títulos representam uma oportunidade de investimento com retornos previsíveis, dependendo das condições estabelecidas na emissão.
Vamos entender melhor as características dessas emissões que formam as operações de captação e investimento em dívidas!
O processo de emissão de Títulos de Dívida
A emissão de títulos de dívida é uma alternativa ao crédito bancário tradicional, permitindo que empresas diversifiquem suas fontes de financiamento e obtenham condições potencialmente mais favoráveis, como prazos mais longos e taxas de juros mais atrativas.
A emissão de títulos de dívida envolve um processo estruturado que permite a captação de recursos diretamente do mercado. As principais etapas desse processo incluem:
- Planejamento e Estruturação: Avaliação das necessidades de financiamento e definição dos termos da emissão, como valor a ser captado, prazo de vencimento, taxa de juros e garantias.
- Registro e Aprovação: Registração da emissão junto a órgãos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), quando aplicável.
- Classificação de Risco: Avaliação do risco de crédito da emissão por agências de rating, quando aplicável.
- Distribuição: Oferta dos títulos aos investidores por meio de ofertas públicas ou privadas.
- Negociação no Mercado Secundário: Possibilidade de compra e venda dos títulos após a emissão.
Classes em emissões de Títulos de Dívida
As “classes” representam diferentes categorias de títulos dentro de uma mesma emissão, com características distintas em relação à remuneração, prioridade de pagamento e garantias.
As classes são utilizadas para segmentar investidores com diferentes perfis de risco e preferências de retorno.
Principais Características das Classes:
- Classes Sênior: Prioridade no recebimento dos pagamentos.
- Classes Subordinadas: Assumem maiores riscos, mas oferecem retornos mais altos.
- Classes Mezanino: Mistura de características de sênior e subordinada, são outro tipo de classe subordinada, porém com prioridade em relação à subordinada final.
Séries em emissões de Títulos de Dívida
Uma “série” refere-se a um conjunto de títulos emitidos simultaneamente, compartilhando as mesmas características, como data de emissão, prazo, taxa de juros e condições de pagamento.
A emissão em séries permite que o emissor estruture a captação de recursos de acordo com suas necessidades específicas e as condições de mercado vigentes.
Um exemplo é a aplicação do CDI em séries de investimento, que podem ser diferentes!
Vantagens da Emissão em Séries:
- Flexibilidade para adaptar as condições dos títulos conforme o mercado.
- Facilita a administração do cronograma de pagamentos.
- Atração de investidores diversificados.
Subséries em emissões de Títulos de Dívida
As “subséries” são subdivisões dentro de uma mesma série de títulos, diferenciadas por prazos, taxas de juros ou outras condições específicas.
Elas são utilizadas para oferecer opções mais personalizadas aos investidores.
Benefícios das Subséries:
- Ajuste de condições às demandas do mercado.
- Ampliação do público-alvo.
- Permite maior controle sobre o fluxo de caixa do emissor.
Exemplo prático de emissão de Títulos de Dívida
Imagine que uma empresa precisa captar R$5 milhões para financiar um projeto de expansão.
Para isso, ela decide emitir um CR no mercado lastreado pelos recebíveis de sua carteira, oferecendo diferentes condições para atrair investidores com distintos perfis de risco e retorno.
1. Estrutura da Emissão
A emissão consiste na captação total de R$5 milhões, sendo dividida em diferentes classes para segmentar investidores com diferentes níveis de apetite ao risco.
Em certos casos, pode fazer mais sentido uma emissão com classe única, de forma com que todos os investidores teriam as mesmas condições.
2. Classes da Emissão
Dentro da mesma emissão, a empresa define duas classes de títulos, cada uma com características distintas:
- Classe Sênior: Prioridade no recebimento dos pagamentos, oferecendo menor risco e, consequentemente, uma rentabilidade mais conservadora.
- Classe Subordinada: Assume um risco maior, pois recebe os pagamentos após a Classe Sênior, mas oferece um retorno potencialmente mais alto. Neste caso, ela também é impactada pelas despesas da operação.
3. Séries dentro da Emissão
Cada classe pode ser emitida em séries, que podem variar em aspectos como data de vencimento e rentabilidade.
Isso permite que a empresa ajuste a captação às suas necessidades ao longo do tempo e à sua capacidade de originar os recebíveis que servem como lastro.
Isso faz com que possa ser mantida a saúde da operação, sempre seguindo os índices de monitoramento definidos no Certificado de Recebíveis emitido.
Por exemplo, dentro da Classe Sênior, podem existir as seguintes séries:
- Série 1: Vencimento em 5 anos, com taxa de juros fixa de 8% ao ano.
- Série 2: Vencimento em 5 anos, com taxa variável de CDI + 5%.
Já na Classe Subordinada, a empresa pode estruturar outras séries para investidores que aceitam mais risco:
- Série 1: Vencimento em 6 anos, com taxa de juros de CDI + 4%.
- Série 2: Vencimento em 6 anos, com taxa de juros de CDI + 5%.
As diversas séries que podem ser emitidas respeitam o prazo definido no CR, então, elas terão um vencimento mais longo comparado à série anterior, mas ainda respeitando o tempo que foi definido.
Ou seja, se uma primeira série foi emitida em fevereiro com a definição do CR para vencer em 12 meses. A segunda série, se for emitida em março, também terá vencimento em 12 meses e, por isso, terá seu vencimento mais distante.
No caso das subordinadas, o prazo sempre deve ser maior do que o da Sênior, pois serve como uma forma de proteção para os investidores.
4. Subséries para maior personalização
Caso a operação envolve a emissão de uma classe única, ainda há a possibilidade de personalização a partir da emissão de subséries.
Elas permitem ajustes ainda mais finos nos termos da oferta. As subséries podem diferir em fatores como:
- Data de vencimento
- Forma de remuneração (taxa fixa ou indexada)
- Condições de resgate antecipado
Por que essa estrutura faz sentido?
Esse modelo de emissão permite que a empresa capte recursos de forma eficiente, oferecendo condições variadas para atrair diferentes perfis de investidores.
Além disso, ao estruturar a emissão em classes, séries e subséries, a empresa consegue equilibrar risco, retorno e flexibilidade no seu financiamento, enquanto os investidores escolhem a opção que melhor se encaixa no seu perfil de investimento.
Como analisar uma operação estruturada de dívida
Ao avaliar uma operação estruturada de dívida, é importante considerar:
- A estrutura das séries, classes e subséries: Compreender como cada componente influencia o risco e o retorno.
- Potenciais riscos de operações de crédito: avaliar as características da operação e da empresa para entender os principais riscos e como são mitigados.
- Histórico do emissor: Analisar o desempenho passado e as perspectivas futuras.
- Liquidez do mercado secundário: Verificar a facilidade de compra e venda dos títulos.
Compreender essas características permite que investidores tomem decisões informadas e que emissores estruturem ofertas mais atrativas ao mercado.
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